Caminhabilidade
o prazer de caminhar pela cidade
Esse texto é um resumo de um episódio bem bacana do programa de TV “Cidades e Soluções”, cujo título é ‘A vida dos pedestres nos ambientes urbanos’.
O tema principal é a caminhabilidade, que foi abordado pela pesquisadora Daniela Hope que traduziu a caminhabilidade em indicadores, uma forma interessante de medir e avaliar determinadas situações.
Esses indicadores criaram a possibilidade real de controle, avaliação e melhoria do ambiente urbano.
E o que seria a caminhabilidade, segundo a pesquisadora Hope, responsável pelo projeto de análise das ruas da cidade do Rio de Janeiro?
“É o quanto um espaço urbano, a cidade, convida o pedestre para caminhar, para se deslocar a pé.”
Indicadores de caminhabilidade:
- Qualidade do calçamento
-avalia a largura das calçadas, que devem ter o mínimo de 1,50m livres,
ou seja, não adianta ter 1,50m e um poste na calçada | manutenção das calçadas | quantidade de buracos | travessias de avenidas | rampas nas esquinas | nivelamento das calçadas | instalação de elementos de acessibilidade como sinalização podotátil. - Mobilidade
- é o acesso a determinadas áreas, se visível, acessível, convidativo e inclusivo. - Atração
- a atração está ligada à forma que a Arquitetura se comunica com a cidade, como a transparência ou a permeabilidade da visão, tanto de quem caminha na rua, quanto de quem está dentro do edifício, essa relação é importantíssima para melhoria da sensação de segurança | Sucessivas entradas de pedestres nos imóveis, por exemplo, em Vancouver eles consideram que uma entrada a cada 20 metros é o ideal para movimentar a rua | Se há uma quadra inteira sem muros, a rua morre, então qual seria a solução para isso? Criar passagens nos prédios existentes, aproveitar os terrenos vazios, as passagens criam movimento e dão vida à cidade | Uma quadra ideal deveria ter entre 100 e 150 metros | Temos ainda a questão do sombreamento, que protege das chuvas, do intenso sol aqui no Brasil, esse sombreamento pode ser feito por meio elementos de proteção como árvores ou marquises, como a do Ibirapuera projetada por Oscar Niemeyer | Tem-se ainda a poluição sonora e do ar, que também interferem diretamente na atração daquela rua para a caminhabilidade. - Segurança pública
- Não adianta todas essas medidas se o Estado não cumpre com sua parte, da vigilância adequada, da contenção da desigualdade social | A sensação de segurança é um item importante para a cidade de tornar convidativa para andar a pé. - Tranquilidade de andar sem ser ameaçado por veículo automotor
- Esse indicador acaba muito ligado ao indicador número 1, de uma calçada obstruída ou mesmo inexistente, temporária por causa de uma obra, ou mesmo por que fora invadida por alguma edificação ou esteja completamente obstruída por uma árvore, por exemplo.
Esses indicadores podem medir a qualidade do ambiente urbano quanto a sua caminhabilidade, estabelecendo parâmetros objetivos de análise, numa escala que vai de 0 a 3, essa mensuração por meio de critérios claros é um grande incentivo à melhoria da qualidade de nossas calçadas e da relação Arquitetura-cidade-pedestre.
Outro fator que, segundo Daniela Hope, seria um grande incentivador a essa melhoria na caminhabilidade, seria a implantação de residências em áreas que tem apenas comércio, uma vez que a residência faz movimentar as ruas e os bairros, essa mistura de usos revitaliza a cidade, sendo um imprescindível vetor para melhoria dos demais indicadores.
Não devemos esquecer de banir da cidade a Arquitetura disciplinar, que é excludente e tem como objetivo tão somente selecionar quem pode e quem não pode se utilizar dos equipamentos urbanos existentes, quem pode ter acesso aos parques e aos trajetos mais agradáveis e curtos.
Em resumo, uma boa caminhabilidade tem de ser segura, conter ou reduzir a poluição aérea, sonora e visual, mas também deve ser inclusiva, convidativa e democrática.